Nota: Faça duplo clic sobre o texto para a imagem se tornar clara e legível.
PS: Rebusquei este artigo de opinião no jornal "Diário do Sul", por me parecer bem fundamentado e realista, isto é, conforme com a realidade portuguesa.
O Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Beja, foi o alfobre onde nasceram e cresceram muitos amigos, hoje espalhados por este Portugal imenso, dando à sociedade o seu melhor.
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PS: Rebusquei este artigo de opinião no jornal "Diário do Sul", por me parecer bem fundamentado e realista, isto é, conforme com a realidade portuguesa.
Acabamos de lhe marcar a falta, sem justificação apresentada nas formalidades do costume. Apesar de todos sabermos e reconhecermos que são muito exigentes as obrigações do “abuelato” (não sei se esta palavra existe na Língua Portuguesa – certamente que não -, talvez exista no castelhano – que é o que está a dar – mas talvez não e, se não existir nem numa nem noutra, que se lixe o caso, porque isto quer significar a condição e as respectivas obrigações de se ser avô ou avó). Vivam os avós!
Baleal, 30 de Junho de 2010.
Seis dos outros muitos, encontrámo-nos, como de costume, à porta da Casa do Alentejo. O Francisco Acabado, o Zé Mata, o Jacinto Charrama, o Jacinto Latas, o Francisco Robalo e o Antonino Mendonça. E arrancámos para o “polvo à lagareiro” ou outra ementa à escolha. Esperava-nos, repimpadamente sentado à mesa posta, o Silva Pinto.
Foi duro o rescaldo da eliminação de Portugal do Campeonato do Mundo. O Queiroz e o Ronaldo (que nem cantou o hino nem fez coisíssima nenhuma…) foram os bombos da festa. O Eduardo foi o herói, já que tudo mereceu, excepto a eliminação. As opiniões divergiram quase tanto como o número dos comensais. O Zé Mata barafustava porque o Antonino Mendonça não lhe respondia aos emails. E algumas opiniões religiosas feriram tradicionais crenças arreigadas e sensibilidades menos habituadas à polémica. Da diversidade somos feitos. Sem diversidade, a monotonia e a aridez do deserto instalar-se-iam no nosso dia-a-dia. Diferente do deserto, o mar, parecendo monótono, é arrogante, intranquilo, inconstante, cheio de vida. Por isso, é belo, mesmo quando medonho. Então naveguemos.
Lá se foi o “polvo à lagareiro”, lá se foi o tinto e o branco à pressão, lá se foi a sobremesa e o café. Lá se foi o almoço da última quarta-feira do mês de Junho.
Deste almoço não ficou apenas a memória. A imagem empoeirada como de um almoço qualquer. É que, num bocado rasgado da toalha da mesa, ficaram os retratos desenhados pelo Charrrama dos demais convivas. Habilidades…
Francisco Acabado, pensativo.
O Silva Pinto estava mesmo incomodado com a prestação do Ronaldo e o Charrama lá o ia defendendo conforme podia. Só que o pior foi não ter cantado o hino. Mas, será que ele sabe cantar?
Silva Pinto, incomodado.
O Zé Mata defendia o seu Sporting e ofereceu uma caneta ao Antonino Mendonça. Para fazerem as pazes e acabarem com as discussões.
Zé Mata das Inguias ou da Sortelha. Sportinguista até dizer chega…
Se Jesus nasceu em Belém como referem Mateus e Lucas (Com que motivações?), se nasceu em Nazaré como parece indiciar o nome por que ficou conhecido (Jesus de Nazaré) ou noutra terra qualquer, nunca o saberemos de certeza historicamente certa. Não havia nesses tempos registos de nascimento… O melhor é ficarmos como Marcos e o autor do 4º Evangelho não o afirmarmos como suma verdade. Estes calaram ou não sabiam. Outros o afirmaram por motivos apologéticos, absolutamente legítimos nesses tempos. A verdade é sempre um caminho por fazer. Façamo-lo!
Antonino Mendonça, provocador. O Xico Acabado que o ature.
Falou-se de Saramago. Há quem goste. Há quem desgoste. Há quem aprecie o artista e quem não aprecie o homem, Mas a unanimidade estabeleceu-se na crítica à censura “vaticanista” por altura da morte do “nobelista”. Nem a altura foi oportuna, nem houve justiça na censura à obra e ao homem.
Jacinto Latas (ou Pratas?). Atento ao que se passa à sua volta…
Ficou-se com a impressão de que, durante o almoço, o Robalo esqueceu as suas maleitas. É também para isto que servem os almoços. Esquecem-se as dores com o convívio e a presença dos amigos. Que continue tudo a evoluir da melhor maneira, companheiro!
Francissco Robalo, convalescente e animado. Como sempre.
O Jacinto Charrama não produziu o seu auto-retrato. Por isso, a galeria fica incompleta. É pena. Mas, é assim a vida, que é sempre feita de imperfeições e de frases incompletas.
O calor apertava na Praça da Figueira e no Largo do Rossio. O melhor é fugir e regressar a casa, ou ficar impávido e sereno no conchego do ar condicionado a beber qualquer coisinha fresca…
Até sempre companheiros!"
Essa pergunta foi a vencedora num congresso sobre vida sustentável.
"Todos pensam em deixar um planeta melhor para os nossos filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"!
Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro da própria casa e recebe o exemplo dos seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...
Como de costume, (costumes não os tires nem os ponhas, dizia o saudoso Mons Torrão), e satisfazendo compromisso tacitamente assumido, mas não vinculativo, reuniram-se hoje em almoço informal, na Cervejaria "O Baleal", nove indefetíveis ex-companheiros e amigos perenes, que dão pelos nomes de Zé Contreiras, Xico Acabado, Jacinto Xarrama, Silva Pinto, Xico Robalo, Jacinto Latas, (ou Pratas, segundo crónicas antigas), Lourenço, Noca e finalmente o novo elemento de sua graça, José Figueira Rolim, este natural de Almeida e primo do célebre Rolim dos Fados de Coimbra.
O Zé Contreiras chegou no fim porque esteve a fazer uma revisão à carótida, em prevenção de AVC, mas está tudo controlado.
1955 - 1º e 2º anos de Filosofia. Da esquerda para a direita: em primeiro plano, António Bossa Andana, José Figueira Rolim, Joaquim Martins Isidoro, Noca; em segundo plano,José Pires Soares, Ribeiro, João dos Santos Diamantino, José Fernandes Canilho, Proença e António Mendes Aparício. Foto tirada junto ao cruzeiro então existente onde agora está a estátua de D José P. Dias.
Este Amigo de um Amigo meu escreve mesmo bem! Vejam só se precisávamos destas fotos para conhecer a Vila Velha, (Castelo de Vide). Mas com elas ficou ainda mais enriquecido o nosso blog.
Estas fotografias sugerem-me o nosso coevo mais ilustre, filho daquela Vila, o Capitão Salgueiro Maia.
Imagino-o, descendo aquelas íngremes ruelas em carrinhos de ladeira, quais Panhard-AML de 1974, investindo contra os M48 de Cavalaria 7 em plena Rua do Arsenal!
Não sei se se recordam dos carrinhos de ladeira, não com rolamentos, como hoje se usa nos skates, mas com rodas de charrua fundidas no Tramagal. Só essas podiam ultrapassar os obstáculos da irregularidade do piso da calçada portuguesa, em basalto, como se vê nas fotos. Era um espectáculo!
Castelo de Vide, terra de castanhas e vinhedos, (vitis), sentinela vigilante e um dos postos mais avançados contra Castela. Muitos dos seus filhos terão embarcado nas naus do Infante.Finalmente o fontanário da Vila, peça de grande beleza arquitectónica e elemento indispensável para a vida das pessoas e dos animais, pois que além das bicas para recolha de água, ali se encontra a grande pia, onde os animais de trabalho eram trazidos a beber.
REFLEXÕES
Vila Velha, 25 de Janeiro de 2010
Desço do alto do castelo, depois de percorrer algumas ruas do Burgo Medieval, bem conservado dentro das muralhas mais antigas. Castelo de Vide estende-se por ali fora nos telhados multicolores, nas ruelas estreitas, nos horizontes largos.
Mesmo ali começa a Judiaria. Deambulo pelas suas vielas íngremes e floridas. Invade-me, então, a emoção esquecida dos tempos perdidos, das gestas bíblicas lidas no calor do lar, dos poemas escondidos cantados nas manhãs de sol, nos salmos rezados ou cantados em família, da vida de um povo perseguido e martirizado ao longo dos séculos.
Vieram de longe e aqui construíram o seu enclave, aqui construíram o seu lar, aqui construíram a sua sinagoga. Expulsos da grande Espanha, aqui tão próxima, por reis ditos católicos, aqui se acolheram, aqui criaram riqueza feitos mercadores ou artesãos, para lá dos arcos ogivais dos portados das suas casas. E enfeitaram e floriram as ruas. E foram pais de botânicos e médicos ilustres. E devem ter escrito poesia à semelhança do Job da Bíblia ou imaginado novelas bonitas como a de Rute, a Moabita… Certamente leram os profetas e alimentaram a sua esperança messiânica. Certamente sacrificaram e comeram o cordeiro pascal e cantaram seus cantares de alegria. E sofreram as perseguições santas. Fingir-se convertido para salvar a vida. A vida vale mais que as aparências…
E desci do castelo até ao Largo da Fonte pela rua da Fonte. Passei pela sinagoga na esquina do cruzamento com a Rua da Judiaria. Espreitei a ruína de alguns edifícios. Reparei nas plantas nascidas entre as pedras da calçada ou em vasos estrategicamente colocados. As duas portas. As ogivas e as gravuras nas pedras lavradas. Imaginei as barbas longas e o quipá sobre as cabeças hirsutas. Os textos sagrados bem guardados e lidos e estudados por novos e por velhos. E a esperança de um mundo melhor…
Shalom, amigos!
Shalom, sombras de antepassados espoliados! Shalom!
E a paz regressa-me à alma, ao frio e à humidade destas ruas estreitas e íngremes. E desço cuidadosamente até à fonte. Uma gatinha triste e carente, de pelo branco fininho, solicita-nos umas festas. E vagueia sobre a história das pedras, das casas e das ogivas. Sabe lá ela que aqui viveu um povo que, quase moribundo, ressuscita cada dia que passa… E dele somos herdeiros. Se não lhe herdamos o sangue, herdamos-lhe a cultura que nos envolve, quer queiramos quer não.
Shalom, amigos.
Cuidadosamente, desço até à Fonte da Vila. Uma cúpula construída sobre seis colunas. Quatro bicas jorram água ininterruptamente, há mais de quinhentos anos. No cimo, uma tulipa - flor que os judeus levaram do Paquistão para a Holanda - é suportada por duas crianças e, na sua base, uma pequena caldeira. Aqui se deitava a água para que a tulipa não secasse. Símbolos de vida e da vida…
E, aqui junto desta fonte que me lembra o baptismo cristão e a vida daqueles que foram forçados a recebê-lo, rezo para que a intolerância religiosa (e política e social e ideológica e cultural e…) desapareça e uma sadia convivência dos povos e das gentes se estabeleça
Por ironia do destino, escrevo estas reflexões no dia 25 de Janeiro, dia em que termina o oitavário de oração pela unidade das igrejas cristãs. Aqueles que seguem Jesus de Nazaré – o profeta do amor e da tolerância – mostram-se incapazes de fomentar a união e de viver na aceitação das diferenças. Continuam a reforçar o seu próprio autoritarismo, sem dignificar a sua autoridade…
Com muita pena minha, não pude ir ao almoço de amigos da última quarta-feira de Janeiro, mas o Matita enviou-me um texto sobre o assunto que publico com muito gosto:
"IA SENDO ROCAMBOLESCO, PELO MENOS RELATIVAMENTE A MIM E JÚLIO FERNANDES.
1º
ASSIM FIZ E O ROBALO A 1º COISA QUE ME DISSE ERA QUE PROVAVELMENTE NÃO IA E QUE O ALMOÇO ERA
TELEFONEI AO FERNANDES A INFORMA-LO QUE O ALMOÇO ERA NA CHURRASQUEIRA DO C. GRANDE.
NA 4ª FEIRA O ROBALO TELEFONOU-ME A DIZER QUE O ALMOÇO JÁ NÃO ERA NA CHURRASQUEIRA MAS NO BALEAL,
DE SEGUIDA TELEFONEI AO J. FERNANDES PARA VOLTARMOS À 1ª FORMA.
FINALMENTE LÁ CHEGÁMOS AO BALEAL POUCO DEPOIS DAS 13 COMO HABITUALMENTE PARA O NOSSO NOSTÁLGICO CONVÍVIO QUE DESTA VEZ NÃO FOI MAIORITARIAMENTE ENCORPADO PELO TINTOL E POLVO À LAGAREIRO MAS POR FEBRAS NA BRASA, POLVO E OUTROS
ESTIVEMOS PRESENTES 10 EX- AAB A CONFIRMAR: GUILHOTO, ACABADO, CONTREIRAS, JACINTO, PRATAS, ROBALO, TÚBAL, FERNANDES, MATA E O AMIGO DO J. CHARRAMA QUE COSTUMA ACOMPANHAR-NOS.
FALÁMOS DE ASSUNTOS DIVERSOS EXCEPTO FELIZMENTE FUTEBOL E POLÍTICA, EMBORA EU GOSTE É UM FACTO
QUE SÃO ASSUNTOS MUITO SENSÍVEIS E QUE FACILMENTE PODEM ESTRAGAR UM BOM CONVÍVIO E TIVEMOS,
MELHOR DIZENDO,
VERIFIQUEI QUE O MEU CASACO ESTAVA NO LUGAR E AVISEI O FERNANDES QUE FOI ATRÁS , QUANDO O ENCONTROU A
E POR AQUI TERMINÁMOS, SATISFEITOS POR ENCONTRAR OS NOSSOS AMIGOS E ESPERANDO REENCONTRÁ-LOS NO PRÓXIMO MÊS."
«A reportagem no PÚBLICO de ontem sobre os médicos cubanos no Alentejo animou-me. Disse a dra. Olga Dubé que "está sistematicamente a ser confrontada com uma reacção muito peculiar dos alentejanos". "Em resposta a qualquer chamada de atenção que lhes faço, eles respondem: "Calma, doutora!"."
É o grande choque cultural do ano novo. Tornar-se-ão os alentejanos mais cubanos ou os cubanos mais alentejanos? Contra qualquer outro povo, eu apostaria na vitória dos cubanos. Mas ninguém passa algum tempo no Alentejo sem sucumbir a uma profunda alentejenização.
Os cubanos são o povo favorito de quase toda a gente que os conhece. O meu pai, quando lá ia, chegou a procurar um cubano desinteressante, a ver se existia tal coisa. Nunca encontrou. Incluindo o Fidel Castro. À minha mãe, conservadora e inglesa, calhou adoecer quando lá foi. Temia o pior, mas anunciou que nunca recebeu um tratamento médico tão bom.
Por muito alegres que sejam os cubanos no Alentejo, não têm hipótese. A dra. Dubé, com a inteligência e a empatia cultural que caracteriza os cubanos, já descobriu que um dia, não muito distante, vai começar a ter calma. Depois, mais um bocadinho. Até ficar completamente alentejana, se não conseguir fugir dali. O que não é fácil: o litoral alentejano, afinal, é para onde todos nós gostaríamos de fugir.
Fica aqui o conselho amigo. Os alentejanos não só são imutáveis como tornam alentejanas todas as pessoas e coisas em que tocam. Até cubanos.» [Público]
Por Miguel Esteves Cardoso.
Nota: O Miguel E.C. não sabe é que é muito mais fácil os médicos cubanos tornarem-se alentejanos, porque foi um Alentejano que descubriu a ilha de Cuba e que lhe deu o nome da sua terra natal - esse foi o grande Almirante Cristóvão Colombo. Portanto a afiniade entre cubanos e alentejanos é notória.
Recordemos o saudoso Maestro HERBERT VON KARAJAN, dirigindo um Coro Notável da "Mass of Coronation" de Mozart na Basílica de São Pedro em Roma.
Para ouvir faça clik sobre o enderêço abaixo, pf.
http://www.youtube.com/whatch?v=MhKWwoAuuC8
A propósito de Monsanto, localizei estas belíssimas fotos que aqui deixo para prazer meu e dos visitantes
Nesta entrada de 2010 fica bem um pouco de poesia: Este Amigo de um Amigo meu passou nestes dias chuvosos por Monsanto e inspirou-se naqueles calhaus, (gigantes petrificados por castigo divino, como lhes chama), e produziu um texto que nos dá muito prazer publicar aqui.
Recorda que daquelas bandas eram muitos dos nossos companheiros dos bancos distantes da Escola de Beja: "à medida que ia lendo as placas toponímicas na berma da estrada ou atravessando as povoações beiroas, (Penamacor, Enguias, Meimoa, Benquerença, Quadrazais, Sortelha, Valverde, Fundão...), vultos juvenis iam-me surgindo esfumados nas memórias distantes. E recordei amigos perdidos no voracidade do tempo: o Fragoso das Enguias, o Proença de Videmonte, o Beites da Benquerença; e o Mata que continua a acompanhar-nos nas aventuras da vida: estes entraram comigo em 1954. E muitos outros, anteriores ou posteriores àquela data."
Monsanto - Beira -Baixa, 28 de Dezembro de 2009
E começámos a subida do monte santo.
Uma chuva miudinha tornava escorregadias as pedras da calçada e obrigava-nos a redobrar os cuidados para não cair.
Uma névoa misteriosa envolvia a subida, as casas, as pedras enormes e o castelo que apenas imaginávamos existir lá no alto.
Do baluarte, sonhámos paisagens maravilhosas para além do nevoeiro cerrado e imaginámos a vitela milagrosa, recheada de cereais, a rebolar por aquelas encostas a enganar o inimigo que sitiava o povoado faminto: coisas que a lenda tece, maravilhas que o povo conta...
O romântico de uma igreja, a nobreza de uma pousada, o gótico de uma capela, o galo prateado da torre do relógio que recorda o prémio da "aldeia mais portuguesa de Portugal",vão suavizando o frio do vento que nos regela o rosto, mais o esforço da subida íngreme.
Mas vale a pena...
Sucede-se o casario granítico. Há laivos de brancura na caixilharia das janelas e pinceladas de cal nos portais das casas.
Há casas antigas, abandonadas, esventradas, dormindo o sono eterno, encostadas aos grandes blocos acolhedores do granito protector, esperando ainda uma ressurreição que tarda.
Há restaurantes e tavernas e uma gruta mesmo à beira do caminho. E o nevoeiro espesso não permite que o nosso olhar repouse na planície que imaginamos estender-se a nossos pés.
E continuámos a subir.
Uma muralha de penedos ladeia a última vereda que dá acesso ao castelo. Um ventinho lúgubre assobia, modela, esfrega-se, em carícia, no granito escuro. Um cão, igualmente escuro, em natural mimetismo, espreita friorento na crista de um rochedo redondo.
Que rochedos são estes que fazem barreira às gentes?
E não é que imagino gigantes inimigos atacando a pobreza do povoado e que os deuses do lugar castigaram petrificando-os e aprisionando-os ali para sempre? E, se a todos os inimigos dos pobres fosse dado o mesmo destino?
Haveria mais pedras do que terras para semear...
Desço com cuidado redobrado. Não vá um pé perder o pé e resvalar por ali abaixo e ir parar não sei onde. E olho de novo as casas encostadas à força granítica dos rochedos, adormecidas no tempo, embaladas pelas lendas dos tempos antigos, acolhedoras e renovadas interiormente com gosto e conforto.
Eu sei que aqui repousa, simbolicamente conservada, a força do Homem que construiu uma montanha sagrada, um monte santo. E, como tudo o que é sagrado e santo, também este povoado revestido de granito escuro, envolto em nevoeiro cinzento, embalado pelo vento agreste, pode ser para mim e para muitos, sinal de esperança e confiança na Humanidade!
PS(Post Scriptum): Este Amigo de um Amigo meu é o Antonino Mendonça, como já todos repararam, e escreve muito bem! Obrigado e BOM ANO para ele e para todos!