sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Um dos muitos casos de sucesso

É com o maior gosto que apresentamos hoje o Diploma de certificação como Empresa Líder das PMEs, concedido a ORBIVENDAS - Equipamentos de Manutenção Industrial, SA.
Tal não teria grande interesse para nós, se o ADMINISTRADOR e principal accionista da Orbivendas não fosse o nosso Amigo e Companheiro MARTINS MATA.
Ao dinâmico e bem sucedido Empresário que, sempre que oportuno, não perde a ocasião de lembrar os bons anos de formação que passou no Seminário de Beja, onde ganhou qualidades de trabalho e conhecimentos que tão úteis lhe tem sido na gestão dos meios de produção da sua ORBIVENDAS, apresentamos as mais efusivas felicitações.
PS.- Clik sobre a imagem para aumentar o zoom!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Uma boa jornada em Cuba

De acordo com o planeado, o grupo completou-se na estação do Pragal com a entrada do Noca no comboio intercidades Lisboa-Beja. Os convivas já tinham ocupado aqueles lugares mais propícios para a cavaqueira, isto é aqueles em que os viajantes ficam frente a frente, virados para as simpáticas mesas que até dão para jogar à sueca, ao sete e meio, ou mesmo à "lerpa".

A viagem decorreu normalmente e pelas 11H30 estávamos a chegar ao destino, a airosa vila de Cuba, onde nos aguardava o incansável Antonino Mendonça. Aqui vai uma primeira foto de grupo tirada no jardim local, da esquerda para a direita: Fernando, Latas, Mata, Lourenço, Acabado, A.Mendonça, Guilhoto e Robalo.


Mais uma informal em que o Latas e o Fernando enquadram o Mata muito executivo.


A primeira homenagem foi ao escritor Fialho de Almeida, ilustre filho desta vila e aqui sepultado em mausoleu adornado com os felinos que ele escolheu para dar nome e simbologia à sua obra "Os Gatos": veja-se o topo do monumento.


De seguida, não podíamos deixar de visitar a estátua do mais ilustre filho desta terra de barro gordo: o grande navegador e oficialmente descobridor do Novo Mundo, Cristóvão Colombo.
A estátua é sugestiva, mas parece-me colocada em local impróprio, não só pela pobreza do enquadramento, mas também pela direcção em que a colocaram. Talvez para observar o ocidente, como parece ser, mas em contrapartida o monumento perde em luminosidade e resplendor. Penso que é possível melhorar as condições de apresentação desta evocação mais do que merecida.

Passámos depois pelo igreja matriz, de arquitectura regional do século XVII, muito austera, mas exteriormente alegre, como convém a uma terra alentejana.

No interior esperáva-nos o Nuno, um rapaz muito sabedor das coisas da arte, nomeadamente da relacionada com este templo que se impõe ao visitante pela sua azulejaria do século XVII, onde sobressaem os painéis laterais relativamente ao "salão", (espaço reservado aos fiéis), coberto por abóbada de canhão. No presbitério e altares laterais emerge a talha joanina, nuns casos ainda original, caso raríssimo, e noutros muito bem recuperada e até, do lado esquerdo, um caso de acasalamento, muito bem conseguido, de vários elementos trazidos de outros monumentos irrecuperáveis da região.

Aqui os visitantes ouvem as explicações muito completas e clarificadoras do Nuno e admiram os painéis de azulejos seiscentistas encravados nas grandes paredes adornadas igualmente de azulejos da mesma época.

Após visita ao espólio constituido por parte do riquíssimo e volumoso acervo de peças sacras e outros artigos de uso nas cerimóneas religiosas da Igreja Matriz, seguiu-se naturalmente o repasto no "Chave de Ouro", onde uma irritante avaria da máquina, por falta de pilhas, não permitiu guardar as imagens iniciais. Aqui temos o Robalo, o Lúcio e o Guilhoto numa fase já adiantada do ágape.

Aqui o Fernando e o Mata, consultam já os seus telemóveis, para saber dos últimos contactos tentados ou conseguidos por sms.

Entretanto o Lourenço dá as últimas instruções ao Robalo sobre o modo como irá decorrer a viagem de regresso, recomendando-lhe que não deixe de transmitir os seus conhecimentos sobre vacaturas e peenchimento das cátedras episcopais portuguesas, assunto em que se vem revelando o maior "expert" das nossas relações.

Em seguida, após uma passagem pelos pontos mais significativos da vila, com obra realizada pelo Poder Autárquico e visitadas algumas capelinhas típicas, para comprar souvenires, sobrando algum tempo, demos um salto à Horta do Lúcio, onde fomos recebidos, em festa, pelo seu Rafeiro Alentejano, um exemplar com grande e imponente presença. Já caira a noite permitindo ver ao longe a iluminação da cidade de Beja, quando dali nos saimos directamente para a estação do Caminho de Ferro, para dar início à viagem de regresso. Mais duas horas de cavaqueira, eu diria de monólogo em que o Robalo deliciou os seus pares com uma exposição "sui generis" sobre bispos, arcebispos e cardeais e outras coisas mais, tais como, cátedras e sedes, vacantes e proeminentes, antigas e recentes, bem como as circunstâncias de vacatura e provimento que as tem envolvido, desde tempos muito remotos

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Vamos todos a Cuba

É já amanhã Companheiros! Com saída do Pragal pelas 09H35, o Intercidades levar-nos-á até à linda vila de Cuba, onde faremos o nosso convívio das últimas quartas-feiras de cada mês.
Ali encontraremos alguns amigos da região alentejana, nomeadamente de Beja e Vidigueira.
Até lá, boa viagem!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Morrer lentamente

Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, quem não ouve musica,
Quem destrói o seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não muda as marcas no supermercado,
Não arrisca vestir uma cor nova,
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere o "preto no branco" e os "pontos nos is"
A um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as que resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando esta infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da
Chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
Não perguntando sobre um assunto que desconhece
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo
Exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!

PABLO NERUDA

Eu conheço um País

Nicolau Santos, Director - adjunto do Jornal Expresso
In Revista Exportar
"Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém- nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores. Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados. E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais. E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).
Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática.
Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.
Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência. E que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas. Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial. E que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça. E que produz um vinho que "bateu" em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis. E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia. E que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo.
O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive - Portugal. Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.
Chamam-se, por ordem: Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.
E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).
É este o País em que também vivemos.
É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na saúde, no ambiente, etc.
Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.
Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha.
E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito. Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados, porque não hão-de os bons ser também seguidos? "

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

São Martinho em Grândola

Com muita pena minha não pude comparecer.
Espero que tenha sido um grande dia de convívio.
Ao Companheiro Finote solicito que, se tiver, e terá certamente, me envie algumas fotos mais sugestivas, para publicar neste blog, que considero "nosso".
Já visitei o site "LASB" e não encontrei nada..........

O modêlo do ensino em Portugal

Dada a acuidade do assunto e enquanto notícias sobre o São Martinho de Grândola não aparecem, aqui vai um ponto de vista sobre o problema muito candente do momento, que respiguei do "JUMENTO", com a devida vénia!
"O actual modelo de ensino em Portugal está esgotado, incapaz de produzir os resultados que a mudança do mundo exige. Foi bem sucedido na resposta à massificação do ensino mas incapaz de produzir a qualidade exigida por um mundo mais competitivo. Não vale a pena dizer que a culpa é dos professores, das políticas, dos ministros, dos pais, a culpa é de um modelo aberrante que apenas serve os que vêm no ensino o último reduto, a última das reformas agrárias.
Em vez de discutirmos a qualidade do ensino falamos da avaliação dos professores, em vez de nos preocuparmos com os alunos esgotamos as energia a discutir o estatuto dos professores. Isso não sucede por acaso, o ensino tem sido gerido em função dos professores. As associações de pais servem para gerir os ATL, os alunos não são representados por ninguém e os professores são o único grupo de pressão.
Quando se questiona a solução para melhorar a qualidade do ensino os sindicatos dizem que passa por melhorar a situação dos professores, quando se questiona o modelo de gestão das escola os sindicatos defendem a gestão democrática das escolas pelos professores, quando falamos da abertura do ano escolar os sindicatos defendem turmas mais pequenas para empregar mais professores. Tudo passa pelos professores, porquê?
Imagine-se que um jovem professor de Silves que deseja ficar na sua terra é colocado numa escola de Silves, imagine-se que fez um excelente trabalho e gostaria, tal como o conselho directivo, de continuar a trabalhar com o mesmo grupo de alunos. Só que isso não é possível, a vaga que ocupou e muito provavelmente será ocupada por outro professor, que até pode ser do Sabugal mas como tem mais uns pontos ficou à frente no concurso. O nosso professor de Silves fica no desemprego e no seu lugar fica um outro desmotivado pela distância. Ainda antes das aulas começarem a TVI vai acompanhar o novo professor na sua primeira viagem, ficamos a saber que a esposa está colocada numa escola do Minho, que têm dois filhos ao cuidado dos avós e que o dinheiro mal dá para a gasolina.
A jornalista da TVI não questionou os alunos que perderam o professor de que gostavam, nem o que vai suceder durante as semanas de atestado, nem entrevistam o conselho directivo para que este lhes conte histórias de professores deslocados. A notícia é o professor que fica a quatrocentos quilómetros de casa e a muitos mais da esposa, os filhos que não são acompanhados. A notícia não é os alunos, é o professor.
O ideal seria que o referido professor ficasse no Sabugal mas no seu lugar ficou um outro que não quer ficar lá, mas para chegar mais perto de casa concorreu à escola. O nosso professor foi parar a Silves contra vontade, o de Silves ficou no desemprego e no Sabugal está um outro que da terra só quer saber a estrada para a saída.
O sistema de colocação dos professores feito em grande escala e com a preocupação de assegurar igualdade entre todos despreza a escola e os alunos em favor de uma suposta igualdade entre todos os membros de uma classe. Aliás, a igualdade é a regra dos professores, é por isso que um professor de matemática do 5.º ano de escolaridade tem o mesmo horário e o mesmo vencimento do que o que lecciona o 12.º ano, como se a complexidade e o tempo exigido preparar aulas e avaliações fosse o mesmo. Aliás, o professor de português do mesmo 12.º ano ganha o mesmo que um outro de trabalhos manuais que fez um exame da treta e lhe conferiu um estatuto idêntico aos licenciados, uma conquista sindical.
É evidente que nesta lógica global, em que a igualdade é mais importante que a qualidade a avaliação tem um peso que não deveria ter, se for mínima gera desigualdades, se for rigorosa torna-se aberrante. Não pode ser feita a pensar numa escola porque o professor de Vila Real de Santo António terá de concorrer com o de Valença.
É uma idiotice avaliar o professor de uma escola junto a um bairro problemático com os mesmos critérios com que se avalia os de uma escola de um bairro da classe média, ou pensar que se podem aplicar os mesmos critérios ao Liceu Pedro Nunes e à escola secundária de Mértola.
Se os professores fossem contratados por escolas ou grupo de escolas a importância perderia a importância que lhe está a ser dada, serviria apenas para aferir as condições do professor para progredir na carreira e não para o comparar com milhares de outros professores. A gestão dos recursos humanos não se centrava na avaliação dos professores mas sim na sua preparação pedagógica.
A falta de coragem do Governo de alterar o modelo levou-o a levar a sua coerência a níveis que o tornam caricato. Ainda por cima está convencido de que é avaliando os professores que melhora a qualidade de ensino e, como se isto não bastasse, impôs um regime de quotas à progressão na carreira, sinal de que ele próprio não confia no processo de avaliação, como, aliás, sucede com toda a Administração Pública.
Mas será que os professores aceitam um modelo feito e gerido durante mais de duas décadas a pensar no seu bem-estar, será que aceitam uma mudança profunda nos modelos de gestão das escolas e dos seus recursos humanos?
De uma coisa estou certo, o Partido Comunista Português e a Fenprof dispor-se-iam de imediato a aceitar o modelo que agora recusam e que poderá levar o PCP a eleger mais um ou dois daqueles deputados que ninguém vai ouvir falar e que antes de irem parlamento assinam uma carta em branco, do que aceitar tal mudança. O actual modelo mais do que o ensino favorece os sindicatos e os professores são necessários às finanças da CGTP, muitos professores sindicalizados significa mais dinheiro em quotas e mais militantes do PCP pagos pelo Estado para serem colocados nos sindicatos.
Com o actual modelo a Fenprof arranja sempre bons motivos para sincronizar a agenda sindical com o calendário eleitoral, se não é o estatuto dos professores é a avaliação, se não é a avaliação é a precariedade, se não é a precariedade é a escola democrática, se não é a escola democrática são as aulas de substituição, motivos não faltam. E com o actual modelo de gestão o PCP tem uma participação na gestão das escolas muito superior ao seu peso eleitoral, os seus militantes estão sempre disponíveis para fazerem o sacrifício de irem para os conselhos directivos. Dessa forma poderão opor-se mais eficazmente às políticas governamentais.
Mais importante do que a avaliação dos professores é a avaliação das escolas, em vez de gastar as energias a avaliar os professores o país deveria estar a investir nas escolas, em vez de exigir uma bom desempenho de cada professor, tarefa que deveria caber a cada escola, o ministério deveria estar a exigir e criar condições para um bom desempenho das escolas. E um bom desempenho das escolas depende de muitos factores, o bom desempenho dos professores é apenas um deles.
Em vez de discutirmos a qualidade do ensino estamos a discutir ficções, uma avaliação impossível de todos s professores segundo os mesmos critérios, a gestão democráticas das escolas que nunca o foi e não passa de um modelo corporativista de auto-gestão. Como não podia deixar de ser um modelo monstruoso de ensino tinha de exigir um modelo monstruoso de avaliação. Mas será que os professores e os sindicatos querem mesmo uma mudança profunda das escolas? Acredito que os professores, ainda que com muitas resistências, aceitariam o desafios, quanto aos sindicatos nem pensar, o actual modelo foi feito à medida do seu poder.
O modelo implementado é tão absurdo e aberrante quanto o actual modelo de gestão dos recursos humanos das escolas, não faz sentido defender o actual estado de coisas e opor-se apenas ao modelo de avaliação."

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O Diário do Amigo de um Amigo meu continua

A EXPULSÃO DOS EXPLORADORES

O IV Evangelho é singular.
Primeiro, porque a sua autoria é muito discutida.
Hoje, ninguém minimamente estudioso destas matérias e de espírito aberto ao progressivo desenvolvimento das disciplinas parceiras da Sagrada Escritura atribui ao apóstolo João, irmão de Tiago e filho de Zebedeu a autoria do IV Evangelho. A sua redacção foi demasiado tardia para ser atribuída ao tradicional evangelista. Talvez um outro João, o Presbítero, talvez até um herege chamado Cerinto, talvez algum ou vários cristãos judeus vinculados ou não à catequese de João, talvez... Certo é que, se a autoria se perdeu na escuridão do tempo, o nome de João deu força e legitimidade à sua aceitação por parte das comunidades do século II.
Também, o que durante muito tempo se teve como doutrina indiscutível, que o objectivo deste Evangelho era completar o que faltava nos outros, parece não colher o parecer favorável da maioria dos estudiosos modernos. Se realmente o(s) autor(es) do IV Evangelho conheceu os sinópticos (Marcos, Lucas e Mateus), fez deles uma reinterpretação, uma releitura, um aprofundamento da mensagem cristã, mais de 50 anos depois dos acontecimentos.Vem isto a propósito do Evangelho do domingo passado escolhido para festejar a Igreja de S. João de Latrão, igreja do bispo de Roma – Igreja Mãe de Todas as Igrejas -mandada construir pelo imperador Constantino, o tal que deu a “liberdade” à Igreja.
Narra-se nesta passagem do IV Evangelho (João, 2, 13-22) o episódio da expulsão dos exploradores do Templo, que conclui assim: “- Tirai tudo isto daqui: não façais da casa de meu Pai casa de comércio”. Porém, o Evangelho de Marcos, o mais antigo de todos, conclui de outro modo: “- Não está escrito que a minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Mas vós fizestes dela covil de ladrões.” (Marcos, 11, 17).
“Casa de comércio” é uma expressão suave; “covil de ladrões” é uma expressão dura. Qual destas gozará de maior autenticidade e proximidade às “verdadeiras palavras” do Mestre. Por mim, creio que é a segunda. É de um profeta que sofre a miséria do povo…
Toda esta reflexão levou-me ao Diário do tal meu amigo que, sobre este mesmo tema, escreveu assim:

“Porque estava próxima a festa da Páscoa,
subiu com os discípulos à cidade de Jerusalém.
Fervilhava de movimento a cidade
e, lá no alto, o Templo,

e dentro do Templo, a Arca da Aliança.
A antiga arca do Povo,
que atravessara desertos e rios,
sempre puxada por alimárias possantes,
ali estava aprisionada dentro de altos muros
e grossas e douradas portas.
Ali estava, guardada noite e dia,
por zelosos sacerdotes e estudiosos levitas.
Ali estava, afastada, escondida e longe do povo sofredor.
O povo que vinha sempre,
apesar das fomes,
apesar da escravidão,
apesar dos impostos,
apesar do jugo que sobre ele pesava como montanhas,
apesar de tudo,

o povo voltava sempre
e passava por entre os animais prontos para o sacrifício,
e pagava,
e passava por entre as bancas dos cambistas e dos agiotas,
e pagava,
e passava por entre o estrume espalhado pelas praças,
e pagava.
e passava por entre os sagrados intelectuais do templo,
e pagava.
Se uma mãe recente agradecia o seu filho, pagava;
se o leproso suplicava ou agradecia a cura, pagava.
O povo pagava o luxo dos profissionais de Deus;
o povo pagava a exploração à custa de Deus.
O Mestre chega e revolta-se.
Sente a exploração do seu povo.
Sabe que à sombra da religião se faz negócio…
(Onde é que eu já vi isto?)
E parte tudo: as mesas, os bancos e as cadeiras.
E fustiga com açoites de ira os exploradores do povo.
Fogem negociantes, fogem bois, fogem carneiros,
fogem as aves das gaiolas.
Tudo foge.
“A casa de meu Pai é casa de oração.
Fizestes dela casa de negócio.”


E a exploração dos mais fracos continua, continua...