domingo, 31 de janeiro de 2010

Dica para facilitar a leitura e visão das fotos

Para quem não saiba aqui vai uma dica muito útil:
Quando o tipo de letra for muito pequeno ou as fotos de escala reduzida, dificultando a leitura ou a visão, carregue na tecla Ctrl (Controlo) e rode o rato para a frente ou para trás, até obter as condições ideais.
Quem é amigo, quem é?...

Castelo de Vide - Vila Velha

Este Amigo de um Amigo meu escreve mesmo bem! Vejam só se precisávamos destas fotos para conhecer a Vila Velha, (Castelo de Vide). Mas com elas ficou ainda mais enriquecido o nosso blog.

Estas fotografias sugerem-me o nosso coevo mais ilustre, filho daquela Vila, o Capitão Salgueiro Maia.

Imagino-o, descendo aquelas íngremes ruelas em carrinhos de ladeira, quais Panhard-AML de 1974, investindo contra os M48 de Cavalaria 7 em plena Rua do Arsenal!

Não sei se se recordam dos carrinhos de ladeira, não com rolamentos, como hoje se usa nos skates, mas com rodas de charrua fundidas no Tramagal. Só essas podiam ultrapassar os obstáculos da irregularidade do piso da calçada portuguesa, em basalto, como se vê nas fotos. Era um espectáculo!

Castelo de Vide, terra de castanhas e vinhedos, (vitis), sentinela vigilante e um dos postos mais avançados contra Castela. Muitos dos seus filhos terão embarcado nas naus do Infante.

As casas caiadas e bem conservadas, ex-libris de todo o Alentejo, são aqui particularmente brilhantes e imponentes.

Quantas vezes terá o Salgueiro Maia esfolado os joelhos ao descer estas ladeiras na sua "Panhard"!

Eis um portal gótico de uma habitação da vila com poiais de acesso ao piso inferior da rua. Este portal, agora guarnecido com madeira trabalhada por técnicos modernos, utilizando ferramentas sofisticadas, condiz muito bem com a riqueza da pedra do umbral gótico e dos poiais.

Outros portais, agora de arco redondo, mas igualmente imponentes e sugestivos de uma sociedade rica em bens e cultura, que construiu esta Vila e nela viveu por largos séculos.

Mais uma ladeira em calçada portuguesa que o Salgueiro Maia não desperdiçaria, desde que não atropelasse o gatinho branco.

O meu Amigo Antonino Mendonça, a quem agradeço estas preciosas fotos, faz-se fotografar junto ao gatinho branco, sinal de astúcia, paz e felicidade.

Finalmente o fontanário da Vila, peça de grande beleza arquitectónica e elemento indispensável para a vida das pessoas e dos animais, pois que além das bicas para recolha de água, ali se encontra a grande pia, onde os animais de trabalho eram trazidos a beber.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Consegui recuperar o texto que é muito interessante

REFLEXÕES EM CASTELO DE VIDE

Vila Velha, 25 de Janeiro de 2010

Desço do alto do castelo, depois de percorrer algumas ruas do Burgo Medieval, bem conservado dentro das muralhas mais antigas. Castelo de Vide estende-se por ali fora nos telhados multicolores, nas ruelas estreitas, nos horizontes largos.

Mesmo ali começa a Judiaria. Deambulo pelas suas vielas íngremes e floridas. Invade-me, então, a emoção esquecida dos tempos perdidos, das gestas bíblicas lidas no calor do lar, dos poemas escondidos cantados nas manhãs de sol, nos salmos rezados ou cantados em família, da vida de um povo perseguido e martirizado ao longo dos séculos.

Vieram de longe e aqui construíram o seu enclave, aqui construíram o seu lar, aqui construíram a sua sinagoga. Expulsos da grande Espanha, aqui tão próxima, por reis ditos católicos, aqui se acolheram, aqui criaram riqueza feitos mercadores ou artesãos, para lá dos arcos ogivais dos portados das suas casas. E enfeitaram e floriram as ruas. E foram pais de botânicos e médicos ilustres. E devem ter escrito poesia à semelhança do Job da Bíblia ou imaginado novelas bonitas como a de Rute, a Moabita… Certamente leram os profetas e alimentaram a sua esperança messiânica. Certamente sacrificaram e comeram o cordeiro pascal e cantaram seus cantares de alegria. E sofreram as perseguições santas. Fingir-se convertido para salvar a vida. A vida vale mais que as aparências…

E desci do castelo até ao Largo da Fonte pela rua da Fonte. Passei pela sinagoga na esquina do cruzamento com a Rua da Judiaria. Espreitei a ruína de alguns edifícios. Reparei nas plantas nascidas entre as pedras da calçada ou em vasos estrategicamente colocados. As duas portas. As ogivas e as gravuras nas pedras lavradas. Imaginei as barbas longas e o quipá sobre as cabeças hirsutas. Os textos sagrados bem guardados e lidos e estudados por novos e por velhos. E a esperança de um mundo melhor…

Shalom, amigos!

Shalom, sombras de antepassados espoliados! Shalom!

E a paz regressa-me à alma, ao frio e à humidade destas ruas estreitas e íngremes. E desço cuidadosamente até à fonte. Uma gatinha triste e carente, de pelo branco fininho, solicita-nos umas festas. E vagueia sobre a história das pedras, das casas e das ogivas. Sabe lá ela que aqui viveu um povo que, quase moribundo, ressuscita cada dia que passa… E dele somos herdeiros. Se não lhe herdamos o sangue, herdamos-lhe a cultura que nos envolve, quer queiramos quer não.

Shalom, amigos.

Cuidadosamente, desço até à Fonte da Vila. Uma cúpula construída sobre seis colunas. Quatro bicas jorram água ininterruptamente, há mais de quinhentos anos. No cimo, uma tulipa - flor que os judeus levaram do Paquistão para a Holanda - é suportada por duas crianças e, na sua base, uma pequena caldeira. Aqui se deitava a água para que a tulipa não secasse. Símbolos de vida e da vida…

E, aqui junto desta fonte que me lembra o baptismo cristão e a vida daqueles que foram forçados a recebê-lo, rezo para que a intolerância religiosa (e política e social e ideológica e cultural e…) desapareça e uma sadia convivência dos povos e das gentes se estabeleça em todo o Mundo.

Por ironia do destino, escrevo estas reflexões no dia 25 de Janeiro, dia em que termina o oitavário de oração pela unidade das igrejas cristãs. Aqueles que seguem Jesus de Nazaré – o profeta do amor e da tolerância – mostram-se incapazes de fomentar a união e de viver na aceitação das diferenças. Continuam a reforçar o seu próprio autoritarismo, sem dignificar a sua autoridade…

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Encontro de Amigos

Com muita pena minha, não pude ir ao almoço de amigos da última quarta-feira de Janeiro, mas o Matita enviou-me um texto sobre o assunto que publico com muito gosto:

"IA SENDO ROCAMBOLESCO, PELO MENOS RELATIVAMENTE A MIM E JÚLIO FERNANDES.

O CAMPOS DISSE QUE NÃO IA POR OCUPAÇÕES EXTRA, QUE TELEFONASSE AO ROBALO PARA SABER QUEM IA, QUE NÃO ESQUECESSE DE FALAR NO ALMOÇO DE CASTELO BRANCO E QUE QUERIAM FAZER UM ALMOÇO COM O OLIVEIRA GUARDADO.

ASSIM FIZ E O ROBALO A 1º COISA QUE ME DISSE ERA QUE PROVAVELMENTE NÃO IA E QUE O ALMOÇO ERA COM O O. GUARDADO NA CHURRASQUEIRA DO CAMPO GRANDE, QUEM ESTAVA A TRATAR ERA O CONTREIRAS; PEDI-LHE O TELEFONE DO CONTREIRAS MAS NÃO O TINHA DE MOMENTO.

TELEFONEI AO FERNANDES A INFORMA-LO QUE O ALMOÇO ERA NA CHURRASQUEIRA DO C. GRANDE.

NA 4ª FEIRA O ROBALO TELEFONOU-ME A DIZER QUE O ALMOÇO JÁ NÃO ERA NA CHURRASQUEIRA MAS NO BALEAL,

DE SEGUIDA TELEFONEI AO J. FERNANDES PARA VOLTARMOS À 1ª FORMA.

FINALMENTE LÁ CHEGÁMOS AO BALEAL POUCO DEPOIS DAS 13 COMO HABITUALMENTE PARA O NOSSO NOSTÁLGICO CONVÍVIO QUE DESTA VEZ NÃO FOI MAIORITARIAMENTE ENCORPADO PELO TINTOL E POLVO À LAGAREIRO MAS POR FEBRAS NA BRASA, POLVO E OUTROS COM O RESPECTIVO COPINHO.

ESTIVEMOS PRESENTES 10 EX- AAB A CONFIRMAR: GUILHOTO, ACABADO, CONTREIRAS, JACINTO, PRATAS, ROBALO, TÚBAL, FERNANDES, MATA E O AMIGO DO J. CHARRAMA QUE COSTUMA ACOMPANHAR-NOS.

FALÁMOS DE ASSUNTOS DIVERSOS EXCEPTO FELIZMENTE FUTEBOL E POLÍTICA, EMBORA EU GOSTE É UM FACTO

QUE SÃO ASSUNTOS MUITO SENSÍVEIS E QUE FACILMENTE PODEM ESTRAGAR UM BOM CONVÍVIO E TIVEMOS,

MELHOR DIZENDO, O GUILHOTO TEVE DE FAZER O PAPEL DE POLÍCIA BEM SUCEDIDO PARA EVITAR UM ROUBO/DESVIO, FOI ASSIM:

O GUILHOTO CHAMOU-ME A ATENÇÃO PARA UM CLIENTE QUE TINHA TIRADO E LEVADO UM SOBRETUDO QUE PARECIA NÃO SER DELE E SE ERA MEU QUE FOSSE JÁ ATRÁS DELE.

VERIFIQUEI QUE O MEU CASACO ESTAVA NO LUGAR E AVISEI O FERNANDES QUE FOI ATRÁS , QUANDO O ENCONTROU A 50 METROS DO RESTAURANTE, O HOMEM ESTAVA ADMIRADO COM COISAS QUE TINHA NO BOLSO E NÃO ERAM DELE - O QUE FAZ UM COPITO A MAIS - FOI QUANDO O FERNANDES LHE DIZ QUE O SOBRETUDO ERA DELE E AÍ DESFEZ-SE O MISTÉRIO.

E POR AQUI TERMINÁMOS, SATISFEITOS POR ENCONTRAR OS NOSSOS AMIGOS E ESPERANDO REENCONTRÁ-LOS NO PRÓXIMO MÊS."

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Médicos Cubanos e os Alentejanos

«A reportagem no PÚBLICO de ontem sobre os médicos cubanos no Alentejo animou-me. Disse a dra. Olga Dubé que "está sistematicamente a ser confrontada com uma reacção muito peculiar dos alentejanos". "Em resposta a qualquer chamada de atenção que lhes faço, eles respondem: "Calma, doutora!"."

É o grande choque cultural do ano novo. Tornar-se-ão os alentejanos mais cubanos ou os cubanos mais alentejanos? Contra qualquer outro povo, eu apostaria na vitória dos cubanos. Mas ninguém passa algum tempo no Alentejo sem sucumbir a uma profunda alentejenização.

Os cubanos são o povo favorito de quase toda a gente que os conhece. O meu pai, quando lá ia, chegou a procurar um cubano desinteressante, a ver se existia tal coisa. Nunca encontrou. Incluindo o Fidel Castro. À minha mãe, conservadora e inglesa, calhou adoecer quando lá foi. Temia o pior, mas anunciou que nunca recebeu um tratamento médico tão bom.

Por muito alegres que sejam os cubanos no Alentejo, não têm hipótese. A dra. Dubé, com a inteligência e a empatia cultural que caracteriza os cubanos, já descobriu que um dia, não muito distante, vai começar a ter calma. Depois, mais um bocadinho. Até ficar completamente alentejana, se não conseguir fugir dali. O que não é fácil: o litoral alentejano, afinal, é para onde todos nós gostaríamos de fugir.

Fica aqui o conselho amigo. Os alentejanos não só são imutáveis como tornam alentejanas todas as pessoas e coisas em que tocam. Até cubanos.» [Público]

Por Miguel Esteves Cardoso.

Nota: O Miguel E.C. não sabe é que é muito mais fácil os médicos cubanos tornarem-se alentejanos, porque foi um Alentejano que descubriu a ilha de Cuba e que lhe deu o nome da sua terra natal - esse foi o grande Almirante Cristóvão Colombo. Portanto a afiniade entre cubanos e alentejanos é notória.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Glória in excelsis Deo

Recordemos o saudoso Maestro HERBERT VON KARAJAN, dirigindo um Coro Notável da "Mass of Coronation" de Mozart na Basílica de São Pedro em Roma.

Para ouvir faça clik sobre o enderêço abaixo, pf.

http://www.youtube.com/whatch?v=MhKWwoAuuC8

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

MONSANTO, a aldeia mais portuguesa de Portugal

A propósito de Monsanto, localizei estas belíssimas fotos que aqui deixo para prazer meu e dos visitantes




Fotos de C. Cabral (Por deferência de O Jumento)

sábado, 2 de janeiro de 2010

Diário de um Amigo de um Amigo meu

Nesta entrada de 2010 fica bem um pouco de poesia: Este Amigo de um Amigo meu passou nestes dias chuvosos por Monsanto e inspirou-se naqueles calhaus, (gigantes petrificados por castigo divino, como lhes chama), e produziu um texto que nos dá muito prazer publicar aqui.

Recorda que daquelas bandas eram muitos dos nossos companheiros dos bancos distantes da Escola de Beja: "à medida que ia lendo as placas toponímicas na berma da estrada ou atravessando as povoações beiroas, (Penamacor, Enguias, Meimoa, Benquerença, Quadrazais, Sortelha, Valverde, Fundão...), vultos juvenis iam-me surgindo esfumados nas memórias distantes. E recordei amigos perdidos no voracidade do tempo: o Fragoso das Enguias, o Proença de Videmonte, o Beites da Benquerença; e o Mata que continua a acompanhar-nos nas aventuras da vida: estes entraram comigo em 1954. E muitos outros, anteriores ou posteriores àquela data."

Monsanto - Beira -Baixa, 28 de Dezembro de 2009

E começámos a subida do monte santo.

Uma chuva miudinha tornava escorregadias as pedras da calçada e obrigava-nos a redobrar os cuidados para não cair.

Uma névoa misteriosa envolvia a subida, as casas, as pedras enormes e o castelo que apenas imaginávamos existir lá no alto.

Do baluarte, sonhámos paisagens maravilhosas para além do nevoeiro cerrado e imaginámos a vitela milagrosa, recheada de cereais, a rebolar por aquelas encostas a enganar o inimigo que sitiava o povoado faminto: coisas que a lenda tece, maravilhas que o povo conta...

O romântico de uma igreja, a nobreza de uma pousada, o gótico de uma capela, o galo prateado da torre do relógio que recorda o prémio da "aldeia mais portuguesa de Portugal",vão suavizando o frio do vento que nos regela o rosto, mais o esforço da subida íngreme.

Mas vale a pena...

Sucede-se o casario granítico. Há laivos de brancura na caixilharia das janelas e pinceladas de cal nos portais das casas.

Há casas antigas, abandonadas, esventradas, dormindo o sono eterno, encostadas aos grandes blocos acolhedores do granito protector, esperando ainda uma ressurreição que tarda.

Há restaurantes e tavernas e uma gruta mesmo à beira do caminho. E o nevoeiro espesso não permite que o nosso olhar repouse na planície que imaginamos estender-se a nossos pés.

E continuámos a subir.

Uma muralha de penedos ladeia a última vereda que dá acesso ao castelo. Um ventinho lúgubre assobia, modela, esfrega-se, em carícia, no granito escuro. Um cão, igualmente escuro, em natural mimetismo, espreita friorento na crista de um rochedo redondo.
Que rochedos são estes que fazem barreira às gentes?

E não é que imagino gigantes inimigos atacando a pobreza do povoado e que os deuses do lugar castigaram petrificando-os e aprisionando-os ali para sempre? E, se a todos os inimigos dos pobres fosse dado o mesmo destino?

Haveria mais pedras do que terras para semear...

Desço com cuidado redobrado. Não vá um pé perder o pé e resvalar por ali abaixo e ir parar não sei onde. E olho de novo as casas encostadas à força granítica dos rochedos, adormecidas no tempo, embaladas pelas lendas dos tempos antigos, acolhedoras e renovadas interiormente com gosto e conforto.

Eu sei que aqui repousa, simbolicamente conservada, a força do Homem que construiu uma montanha sagrada, um monte santo. E, como tudo o que é sagrado e santo, também este povoado revestido de granito escuro, envolto em nevoeiro cinzento, embalado pelo vento agreste, pode ser para mim e para muitos, sinal de esperança e confiança na Humanidade!

PS(Post Scriptum): Este Amigo de um Amigo meu é o Antonino Mendonça, como já todos repararam, e escreve muito bem! Obrigado e BOM ANO para ele e para todos!