sexta-feira, 2 de julho de 2010

Última Quarta Feira de Junho

Não pude comparecer devido ao meu munus de baby siter, (isto é que é poliglotismo!). Mas é bom ter amigos que se lembram de nós e até nos substituem com vantagens de toda a ordem: um Amigo meu enviou-me a matéria que se segue e que publico com o maior gosto dado o valor acrescentado que junta ao meu blog.
"Meu caro amigo:

Acabamos de lhe marcar a falta, sem justificação apresentada nas formalidades do costume. Apesar de todos sabermos e reconhecermos que são muito exigentes as obrigações do “abuelato” (não sei se esta palavra existe na Língua Portuguesa – certamente que não -, talvez exista no castelhano – que é o que está a dar – mas talvez não e, se não existir nem numa nem noutra, que se lixe o caso, porque isto quer significar a condição e as respectivas obrigações de se ser avô ou avó). Vivam os avós!


Baleal, 30 de Junho de 2010.


Seis dos outros muitos, encontrámo-nos, como de costume, à porta da Casa do Alentejo. O Francisco Acabado, o Zé Mata, o Jacinto Charrama, o Jacinto Latas, o Francisco Robalo e o Antonino Mendonça. E arrancámos para o “polvo à lagareiro” ou outra ementa à escolha. Esperava-nos, repimpadamente sentado à mesa posta, o Silva Pinto.

Foi duro o rescaldo da eliminação de Portugal do Campeonato do Mundo. O Queiroz e o Ronaldo (que nem cantou o hino nem fez coisíssima nenhuma…) foram os bombos da festa. O Eduardo foi o herói, já que tudo mereceu, excepto a eliminação. As opiniões divergiram quase tanto como o número dos comensais. O Zé Mata barafustava porque o Antonino Mendonça não lhe respondia aos emails. E algumas opiniões religiosas feriram tradicionais crenças arreigadas e sensibilidades menos habituadas à polémica. Da diversidade somos feitos. Sem diversidade, a monotonia e a aridez do deserto instalar-se-iam no nosso dia-a-dia. Diferente do deserto, o mar, parecendo monótono, é arrogante, intranquilo, inconstante, cheio de vida. Por isso, é belo, mesmo quando medonho. Então naveguemos.

Lá se foi o “polvo à lagareiro”, lá se foi o tinto e o branco à pressão, lá se foi a sobremesa e o café. Lá se foi o almoço da última quarta-feira do mês de Junho.

Deste almoço não ficou apenas a memória. A imagem empoeirada como de um almoço qualquer. É que, num bocado rasgado da toalha da mesa, ficaram os retratos desenhados pelo Charrrama dos demais convivas. Habilidades…

Francisco Acabado, pensativo.

O Silva Pinto estava mesmo incomodado com a prestação do Ronaldo e o Charrama lá o ia defendendo conforme podia. Só que o pior foi não ter cantado o hino. Mas, será que ele sabe cantar?



Silva Pinto, incomodado.
O Zé Mata defendia o seu Sporting e ofereceu uma caneta ao Antonino Mendonça. Para fazerem as pazes e acabarem com as discussões.


Zé Mata das Inguias ou da Sortelha. Sportinguista até dizer chega…

Se Jesus nasceu em Belém como referem Mateus e Lucas (Com que motivações?), se nasceu em Nazaré como parece indiciar o nome por que ficou conhecido (Jesus de Nazaré) ou noutra terra qualquer, nunca o saberemos de certeza historicamente certa. Não havia nesses tempos registos de nascimento… O melhor é ficarmos como Marcos e o autor do 4º Evangelho não o afirmarmos como suma verdade. Estes calaram ou não sabiam. Outros o afirmaram por motivos apologéticos, absolutamente legítimos nesses tempos. A verdade é sempre um caminho por fazer. Façamo-lo!


Antonino Mendonça, provocador. O Xico Acabado que o ature.

Falou-se de Saramago. Há quem goste. Há quem desgoste. Há quem aprecie o artista e quem não aprecie o homem, Mas a unanimidade estabeleceu-se na crítica à censura “vaticanista” por altura da morte do “nobelista”. Nem a altura foi oportuna, nem houve justiça na censura à obra e ao homem.


Jacinto Latas (ou Pratas?). Atento ao que se passa à sua volta…

Ficou-se com a impressão de que, durante o almoço, o Robalo esqueceu as suas maleitas. É também para isto que servem os almoços. Esquecem-se as dores com o convívio e a presença dos amigos. Que continue tudo a evoluir da melhor maneira, companheiro!



Francissco Robalo, convalescente e animado. Como sempre.

O Jacinto Charrama não produziu o seu auto-retrato. Por isso, a galeria fica incompleta. É pena. Mas, é assim a vida, que é sempre feita de imperfeições e de frases incompletas.

(Nota do bloger: Para que não fique incompleta a galeria aqui vai este espécimen. o Androgenismo não é uma coisa assim tão rara: a Natureza nem sempre é perfeita. Isto não tem nada a ver com o Charrama, claro, e que fique bem esclarecido! O Xico Acabado e o Mendonça foram tao renitentes que não os consegui alinhar ao centro, como os outros e era meu desejo.)

O calor apertava na Praça da Figueira e no Largo do Rossio. O melhor é fugir e regressar a casa, ou ficar impávido e sereno no conchego do ar condicionado a beber qualquer coisinha fresca…

Até sempre companheiros!"