Foi um ano atípico do fim da II Grande Guerra, apesar de esta ter terminado oficialmente há cerca de 3 anos.
Portugal, país pequeno e apenas indirectamente interventivo nesse flagelo, acabou por ser um dos que mais sentiram os seus efeitos negativos, sem usufruir depois das ajudas do pós-guerra, (Plano Marshall). A economia de subsistência reinante por todo o território nacional, mantinha um povo rural e analfabeto nos limiares da miséria, temos de reconhecê-lo. Os benefícios da civilização andavam muito arredados e os governantes, ou por falta de recursos ou por opção política, como muitas vezes terá acontecido, não aceleravam os meios de acesso ao progresso: fechados num isolamento saloio, os portugueses viravam-se para uma tentativa de independência económica, (campanha dos cereais, indústria incipiente e apoio a uma frota mercante e pesqueira que mal satisfazia as necessidades primárias das maiores cidades, à custa de vidas perdidas na pesca do bacalhau).
Lembro-me de umas quadras que se cantavam então:
"O bacalhau não há
Arroz, feijão não há
batata e grão não há
Só apetite sim, isso é que há."
As comunicações, (estradas), e o ensino estavam no início da chamada "revolução do Estado Novo", uma revolução virada para o umbigo que não levaria longe e cêdo se revelaria insuficiente e até retrógrada, no aspecto cultural porque baseada na castração política dos cidadãos a quem era negado o acesso aos meios de comunicação e informação livres, (censura e index de livros proibidos, por exemplo).
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