A Árvore da Sabedoria do Bem e do Mal, Comunicação/Informação, as Elites.
Deus é Comunicação!
Nestes conceitos se concentra a explicação de toda a evolução das sociedades humanas.
Deus não queria que o homem comesse o fruto da Árvore, mas ele comeu e aí começou todo o processo do conhecimento: o homem começou a conhecer-se, a distinguir-se da restante natureza. Tudo isto me parece simbólico, mas muito real: após conhecer-se como ser distinto, começa a comunicação consciente e aí há que explicar o desconhecido e os fenómenos incontroláveis: então surge DEUS, melhor diria, surgem os DEUSES.
Deixemos isso para mentes mais esclarecidas e detenhamo-nos na Comunicação/Informação que levará à cultura do conhecimento com as várias vicissitudes de sucessos e retrocessos através dos séculos e milénios, até atingir a contemporaneidade do ensino e do conhecimento.
No Portugal medievo o Povo, o Clero e a Nobreza, ainda não se distinguiam muito dos três grupos sociais perfilhados por Platão a saber: os servos, os filósofos e os militares; os primeiros servem, no sentido literal do termo, os segundos governam e os terceiros fazem a guerra. Fazer a guerra era muito importante para manter a identidade e a coesão sociais.
Hoje isto ainda não é muito diferente, mas não nos afastemos do caminho que desejamos. Em Portugal, como no resto da Europa, o Clero detém o exclusivo do ensino e este é reservado às elites, nomeadamente à nobreza, até surgirem as ideias liberais que levaram à Revolução Francesa e depois às actuais Democracias.
Desde as Escolas Gerais, junto às muralhas do Castelo de São Jorge, que evoluíram para a Universidade de Coimbra, até aos vários conventos e mosteiros dispersos por todo o território, cujas escolas formavam as pequenas elites locais, tudo era da Igreja.
Até que surge o Marquês de Pombal, (o mata frades), que, insurgindo-se contra o “status quo”, revoluciona o ensino e cria nomeadamente o Real Colégio dos Nobres, de que é resquício hoje o Colégio Militar, também ele elitista, mas abrindo assim uma porta ao ensino laico, que só viria a democratizar-se com a implantação da República.
É assim que em 1948 o ensino escolar público, embora já bastante implementado nas cidades principais, não chegava à maioria das crianças e jovens que sobreviviam em ambientes rurais muito adversos e distantes de tudo, as estradas mal começavam a chegar aos centros urbanos.
Com o aparecimento da rádio, a informação chega a todo o lado e as pessoas começam a "abrir os olhos". Novamente a comunicação/informação, (a Árvore da Sabedoria = Deus), faz o seu trabalho.
Paralelamente ao ensino oficial público/laico, coexistem as Escolas Confessionais/Religiosas junto dos bispados para formação do Clero, - os Seminários.
Com a abertura e difusão das escolas laicas, (ensino laico), o recrutamento para as escolas confessionais começou a escassear sobretudo nas dioceses onde o laicismo republicano estava mais implantado. A Diocese de Beja era o protótipo desta realidade.
Com um bispo novo, (José do Patrocínio Dias), e muito prestigiado, bem inserido no regime, naturalmente surgiram recursos, vindos quer de elementos locais fielmente engajados com as causas da Igreja, quer mesmo do poder central.
Depois de uma efémera, (alguns anos), passagem por Serpa, onde mais facilmente surgiram apoios logísticos, o Seminário de Beja tornara-se realidade e passou a fazer parte do perímetro e paisagem da própria cidade.
(Continua)
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