quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

1948 (Continuação) O Recrutamento para os seminários

O ensino público laico avançava com a “revolução do Estado Novo”, embora ainda deixasse muito a desejar. O ensino secundário não ía além das sedes de distrito.
Nestas condições as zonas rurais (aldeias e vilas), eram terreno fecundo para recrutar crianças ou adolescentes que quisessem estudar com vista a ascender mais tarde ao sacerdócio: alem dos apelos dirigidos através dos priores das freguesias, alguns dos padres da equipa de formadores do seminários fizeram autênticas campanhas de recrutamento nas aldeias dos distritos de Castelo Branco, Guarda Viseu e Aveiro, donde vieram para Beja centenas de rapazes, numa aventura que eles nunca sonhariam poder concretizar. As viagens de ida e vinda das férias eram recheadas de peripécias, umas rocambolescas outras quase dramáticas, e constituíam motivo de conversa durante dias e dias, cada um contando a sua odisseia.
No Alentejo a campanha de angariação de candidatos fazia-se ao nível da catequese. Embora muito afastado da igreja, o povo alentejano conservou sempre uma grande religiosidade, às vezes tocando as raias da superstição.
Nas aldeias , mesmo as que não tinham prior, havia sempre umas senhoras devotas que se reuniam na igreja local e catequizavam as crianças da escola, fazendo-se eco dos apelos do Vice-Reitor, Padre Torrão, através da Obra das Vocações, canalizados por um jornalzinho trimestral: O Nosso Seminário.
O regime de internato facilitava a vida dos deslocados estudantes e deixava descansados os pais que assim entregavam os filhos a educadores de confiança.
Os custos também eram muito menores do que no ensino oficial, sobretudo devido ao alojamento comunitário e alimentação que eram proporcionados, em boas condições de higiene e segurança sobre todos os aspectos.
A Diocese precisava de candidatos e, nas aldeias eram muitos os que queriam e precisavam de estudar e muitos almejavam mesmo vir a ser padres: não podemos escamotear que alguns se terão aproveitado da ocasião, mas penso que a maioria foi para o seminário com vontade de ascender ao sacerdócio. Só que, como se dizia: muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.
Mas aqui há que render homenagem aos Seminários, como Escolas de Vida e Formação de Homens, (com as suas lacunas, que sempre existem), mas que muito deram ao país

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