domingo, 31 de agosto de 2008

Ainda Milfontes

Segue-se uma matéria que me enviou o Amigo Antonino Mendonça e que, com o maior gosto publico, ressaltando a valorização que traz a este blog.

Por uma breve análise,se verifica tratar-se de alguém que sabe escrever e que pode, com rigor chamar-se escritor, pois já publicou o seu nosso conhecido e relido "FREI BERNARDO".

PS - Para facilitar a leitura, clique sobre as imagens.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

1951 - A Casa do Diabo (Ermida de São Pedro)

Chamávamos Casa do Diabo a uma Ermida existente a nascente de Beja, dedicada a São Pedro, mas onde não havia culto, estando ocupada por um Fogueteiro, (o Diabo).

O célebre Padre Almeida, (terror para alguns), sobressai ao centro, atràs do Bossa Andana.

Passeio à Ribeira da Guadiana - 1951

ANIVERSÁRIO DO SENHOR VICE-REITOR

O aniversário do Senhor Vice-Reitor era uma data de assinalar: 18 de Novembro, nunca esquecerei, porque era motivo para dar um passeio especial.

Em 1951 foi à Ribeira da Guadiana, como então se chamava ao famoso rio que tem nome da deusa romana dedicada à caça, DIANA. Foi o dia todo, com saída de manhanzinha e regresso já noite fechada, que os dias são pequenos em Novembro. O transporte era fácil porque a auto-motora para Moura tinha paragem mesmo ao sair da grande ponte. Foi a equipa de cozinheiros e tudo, com a palamenta e os tachos necessários para a confecção e tomada do almoço. Lenha havia com fartura e perigo de incêndio já não era cuidado que se tivesse, não só pelo tempo como pelo lugar, junto ao rio.

Ali, junto à ponte do caminho de ferro para Moura, o rio apresenta algumas pequenas praias e a água não tem grande corrente, sobretudo porque ainda não tinha chovido muito, o que permitia a prática da natação àqueles mais destemidos que se propuseram atravessar para a outra banda, com algum risco calculado.

Foi um dia bem passado e que se gravou na memória de muitos. A mim, por exemplo, ficou de tal modo que, de futuro, quando precisava de experimentar uma caneta ou depois esferográfica, ou fazer uma demonstração de caligrafia, etc, até mesmo depois na minha vida profissional, sempre que tal acontecia escrevia sempre: "18 de Novembro.........."


Noca depois do banho na Ribeira da Guadiana

Em 18 de Novembro de 1951, parece verão, mas não é.

A equipa de cozinheiros, cumpriu a sua missão.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

MILFONTES -1952/53

As estadias em Milfontes foram dias de grande convívio e camaradagem, que muito contribuíram para o nosso desenvolvimento integral como homens que se pretendiam fortes de corpo e alma: "mens sana in corpore sano!".
Ali, as imprescindíveis actividades religiosas eram temperadas com grandes passeios, em grupo, pelas praias e por lugares aprazíveis, como a mata de Vila Formosa.
Muitos dias levávamos almoços aligeirados para não haver necessidade de vir ao apoio logístico.
Digo apoio logístico porque nos primeiros anos, o alojamento era mesmo muito escasso, com colchões trazidos do seminário, estendidos no soalho, como se fosse uma caserna de trabalhadores rurais.
Mais tarde o Colégio de Nª Srª da Graça, em boa hora e com grande mérito, construído sob a orientação do saudoso Cónego Lourenço, passou a ser o hotel onde nos instalávamos confortavelmente.
Recordo, com saudade, o pequeno-Grande ISIDORO, bom companheiro!, O Jorge, meu conterrâneo, o Cunha de Serpa, o Bossa de Barrancos, o Palma de Mértola e o Palminha de Alvito, o António Zé, o Gustavo familiar do Presunto, o Virgílio de Saboia, o Zé da Ponte, o Gamito, Zé Jaquim Guerreiro, o Brás de Ermidas, os de Santo Aleixo que eram 3 ou 4, o Túbal, o Contreiras grande amigo, o Lourenço sobrinho do Tio e tantos, tantos outros, cujos nomes me não ocorrem agora.


1952 - Bosque de Vila Formosa

1953 - Refeição na Praia das Furnas

1953 - Construções na areia?


1952 - Sobre um rochedo da Praia das Furnas

MILFONTES -1952/53

1952 - Prontos para atravessar o Rio Mira


1953 - Banho na Praia do Rio vendo-se em fundo Vila Formosa na outra margem

1953 - Na praia do Farol



1953 - Refeição na Praia das Furnas


1953 - Construções na areia? na Praia das Furnas




terça-feira, 26 de agosto de 2008

Ainda o "FREI BERNARDO"

Tenho-me deliciado a ler e reler a bela obra do Antonino. Quanto mais releio, mais referências interessantes encontro. Aquilo não é uma auto-biografia, mas antes uma multi-biografia.
Quantos não se revêem naquelas referências oportuníssimas às praias da Costa Alentejana, às planícies floridas na Primavera e agrestes na invernia, aos vinhedos serranos e suas quintas, etc, etc, etc...? Não refiro já o encadeamento da estória e as belíssimas composições literárias que o autor coloca na boca dos personagens, com a maior oportunidade.
Quero apenas relembrar, por analogia vivida, um episódio ou dois, dos tempos das Praias Alentejanas.
Penso que foi no primeiro ou segundo ano que ali passámos um período de férias: ainda vivia o célebre ex-combatente da G.G., poeta popular em Vila Nova de Milfontes, o saudoso Almada, e nós ficávamos alojados numa casa da rua principal da vila, mais ou menos a meio, do lado direito e que tinha umas janelas ovais no piso superior.
Ainda não havia o Colégio de N.S. da Graça, onde mais tarde nos recolheríamos com o conforto possível e higiene adequada.
Mas vamos às estórias: depois do almoço e da sexta tradicional e obrigatória, como bons alentejanos, seguia-se uma ida à praia. Ali pelas dezassete e tal, um de nós era destacado para deixar a praia e ir tocar o sino da igreja matriz, chamando os fiéis para o terço das dezoito horas.
Não havia voluntários, (todos preferiam continuar mais um pouco na praia).
Um dia calhou-me em sorte ou por nomeação desempenhar a tarefa, no caso pouco simpática, e lá fui. Teria então os meus 15 ou 16 anos.
Na igreja, decorria uma sessão de catequese, ministrada por uma adolescente, de seu nome Maria da Graça, que eu conhecera dois ou três dias antes por ocasional encontro em sua casa, onde fora entregar uma lembrança de que fora portador, dirigida a sua mãe, D. Mariana Neves Dimas, por uma senhora daquelas que substituíam o padre na igreja e ensinavam catequese na minha aldeia, uma tal D. Maria Joaquina, verdadeira causa da minha ida para o seminário.
Ao entrar na igreja, deparei com a Maria da Graça, (Gracinha), e os nossos olhares cruzaram-se fugidíos, mas ao subir as escadas de acesso à torre sineira havia uma abertura a meio que permitia ver para o interior da igreja e aí novos olhares se trocaram, agora acompanhados de um sorriso cúmplice. Que lindos olhos quase tímidos se escondiam por detrás de uns cabelos fartos, cor de mel, caindo em caracóis e cobertos por um véu alvinitente!
Era o diabo que se mostrava naquela figura frágil, mas infinitamente bela!
Também já terão percebido que começou a haver um voluntário para ir todos as tardes tocar o sino, deixando de gozar as delícias da praia.
Mais tarde, ou seja, uns dias depois, penso que um domingo, ocorreu um passeio de barco a remos, até ao Moinho da Asneira e volta, aproveitando as marés, para facilitar o esforço dos remadores.
A dada altura do passeio cruzámo-nos, ou melhor, passou por nós um barco a motor, barco de recreio, que, na altura, ainda era coisa rara no rio Mira. Era o filho do Dr Águas, personalidade importante da vila, que levava a passear um grupo de jovens, entre os quais a Maria da Graça, cuja presença me despertou imediatamente a atenção: -será que namora com o filho do Doutor? Certamente que sim! - pensei.
Ao cruzarem-se as embarcações e quando iam mais próximas, a Maria da Graça atirou uma maçã, (ou pêro), para o nosso barco, que eu tive a destreza e a felicidade de apanhar.
Imaginem-se nesta situação, na época e ambiente em que vivíamos e analisem bem: aquilo não era mesmo o diabo a tentar? Agora era uma autêntica Eva a dar a maçã ao Adão!
Resumindo e concluindo: "NUNCA CHEGUEI A FALAR COM A MARIA DA GRAÇA!"
PS. Nem a D. Maria Joaquina, especial protectora da minha "vocação sacerdotal", sonhava que em vez de me proteger através da sua amiga, a quem por mim enviara uma lembrança e certamente recomendação de vigilância discreta sobre o meu comportamento, nem ela sonhava dizia, que me estava precisamente a apresentar ao Inimigo, ao perigosíssimo demónio tentador pela "carne". Ela, D. Joaquina, que era uma celibatária ou "corina", como diria um amigo meu, já se antevia na posse de um sacerdote seu protegido, que lhe havia de salvar a alma.
Esta senhora e mais duas irmãs, igualmente corinas, vituperaram a minha pobre e desprotegida Mãe, quando da minha saída do seminário, acusando-a de não me ter defendido suficientemente dos perigos e tentações que me levaram à desistência.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

1948 (Continuação)

A seguir vou publicar uma série de fotos, mais ou menos por ordem cronológica, relativas a algumas actividades ou momentos da vida naquele Instituto de Ensino que tanto nos deu.


Formação em coluna por dois, constituída pelos alunos do 1º ano do ano lectivo de 1948/49

Grupo dos "Pequenos" em 1948.Fila de cima da esquerda para a direita: Tomaz, Noca, Guerreiro de Entradas, Gonzaga Caria, desconhecido, Aparício, 4 desconhecidos, Proença, Xico Zé, desconhecido, Virgílio (de Saboia) e Pina (um gordito). Na segunda fila: Zé Maria Assunção (Monitor), Pereira de Carvalho, Bebiano e desconhecido. Em baixo sentados: Fatela, desconhecido, Bossa, Luzia e outros desconhecidos .

Um grupo semelhante ao anterior, e no mesmo sítio, junto ao recreio dos "Pequenos"



De bicicleta na estrada de São Matias, junto a uma quinta, onde íamos comprar laranjas.




Bicicleta alugada para o passeio: Bebiano, Tomaz, Noca (Nobre Campos) e Gonzaga Caria


Duas equipas de futebol dos "Pequenos", vendo-se em fundo o edifício dos correios de Beja, na altura o mais alto de toda a cidade, além do castelo.


Cena de teatro, numa festa de fim de ano de 1947

1954; Elementos (actores) de uma peça de teatro sobre D. Miguel: Rolim, Sousa (Haio), António Zé, Alberto (Escudeiro), Noca (D.Miguel) e Rui (Escudeiro).

O Haio e o Príncipe