quarta-feira, 7 de agosto de 2013

UM artigo oportuno


Diário de Notícias, Sábado, 3 de Agosto de 2013.

ÓSCAR MASCARENHAS, Jornalista

PROVEDOR DO LEITOR

Poiares Maduro e Lomba são tão-somente o fascismo a bater-nos ao de leve à porta

Aldrabões. Não faço por menos. Mandam as artes e manhas dos artigos de opinião que não se diga logo ao que vem o autor, para manter o leitor agarrado ao prazer do texto. Mas desta vez, iconoclasta como me quero, finto regras e vou direto ao assunto: os senhores (professores doutores ou doutorandos e mais o que desejarem ser no currículo e na mercearia do bairro) Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba, nos poucos dias que levam de governo, já deram provas de terem sido aldrabões. Não digo que o sejam, que não sou tão pateta e desajeitado que abra um alçapão legal sob os meus próprios pés perante juristas assim ditos tão eminentes: afirmo que o foram. Episódica e admito que corrigivelmente.

E vou mais longe: nos poucos dias em que estes governantes exerceram o poder, o fascismo deu um passo em frente. Nem lhes vou dizer que limpem as mãos à parede, porque podem espalhar a peste, a cólera e a tinha. Lavem-nas, com sabão azul e branco e, de caminho – vão ao banho!

Caro leitor: custou muito chegar à liberdade de imprensa e ainda mais firmar em lei os valores civilizacionais que não deixassem que certos produtos nascidos de uma faísca de ferradura de um cavalo da guarda a raspar no basalto de uma viela os pudessem alterar a seu bel-prazer. Impusemo-nos, jornalistas, liderados pelo Sindicato menos corporativo que conheço – e mais atacado pelos que venderam a alma e o talento por dois réis de mel coado ao patrãozinho querido ou ao governozinho de ocasião – normas de respeito pelos direitos do público que raros são os países que as têm. Há os que falham – há muitas falhas -, mas os jornalistas e, mais importante do que eles, o público, sabem dizer quando falham.

E, no meio desta longa e custosa aprendizagem e tentativa de bem servir, sai de vez em quando uma personagem de Gil Vicente, o Parvo, e diz: “Quem sabe disto sou eu. Os jornalistas têm de aprender comigo”. E, depois, vomita imbecilidades num esforço medíocre de ser Goebbels, nem chegando ao tacão do António Ferro, que teve o background de vir da Orpheu, escorregando, fruto dos tempos, para o fascismo. Estes de agora foram directamente para o fascismo, sem passarem pela casa Orpheu (ai, credo!, o que será isso?).

Vejamos quem são estes figurões de que falo – e o leitor trace a opinião sobre o civismo, carácter, ou o que lhe aprouver deles. Miguel Poiares Maduro, ministro, colega de sala de um tal irrevogável Paulo Portas, que preferiu trocar a sua reputação pela salvação da pátria, numa espécie de martírio de Santa Maria Goreti mas ao contrário, no corpinho frágil de São Domingos Sávio que se finou aos quinze anitos. (Este mostra-se mais resistente, sinal de que o Senhor hesita em chamá-lo para junto de si, transferindo o ónus para a tolerante e inexcedível bondade de Cavaco Silva, sempre bem aconselhado pela sua nunca por demais citada esposa, não eleita pelo voto mas calculo que pelo coração de uma cabina telefónica cheia de portugueses, pelo menos!) Paz às almas! Miguel Poiares Maduro, igualmente colega de carteira de um tal Chancerelle Machete que, de ainda mais maduro, se atascou na podridão, ipsis verbis, de uma coisa que dá pelas siglas SLN e BPN e o qual, diz o WikiLeaks, tem uma reputação tão elevada junto dos americanos que, quando eles quiserem fazer qualquer negócio em Portugal, não duvidarão em consultar certo escritório de advogados porque, como dizem os ianques naquela língua-de-trapos, every man has his price e… money is no problem. Gostaria patrioticamente de estar enganado, mas, em diplomacia, o que parece… é o que diz o WikiLeaks. O outro: Pedro Lomba, colega de Agostinho Branquinho, a criatura que não sabia o que era a Ongoing e teve de ter emprego na Ongoing para perceber o que é a Ongoing. E ser colega de tal figura é coisa para se trazer ao peito, com orgulho, como um broche de bom latão.

Os dois, Poiares Lomba e Pedro Maduro, são herdeiros – com pouco jeito – de Miguel Relvas que, com muito menos estudos do que eles, lhes deu lições de como fazer política nestes tempos.

Pois os colegas de Portas, Machete e Branquinho – e aprendizes de Relvas – deram-se à missão de gerir a informação ao povo, através dos jornalistas, prometendo briefings diários que duraram dois dias e que retomaram agora, com a honradez da palavra que os caracteriza, em encontros diários duas vezes por semana, não sei se o leitor entende. (Como é aquela palavra que tu utilizaste, Miguel Sousa Tavares? Palha-de-aço? Não era bem isto, mas andava lá perto. No plural, na circunstância.)

Aqui é que estes grandes educadores dos jornalistas aldrabaram. Começaram por dizer – ponho no plural porque tão aldrabão foi o secretário de Estado que disse, como o ministro que mandou dizer ou, pelo menos, não o desautorizou – que os briefings com os jornalistas seriam umas vezes em on – isto é, podia dizer-se quem disse o quê – outras vezes em off (que na sabedoria analfabeta do secretário de Estado e do ministro não sei de quê nem interessa se convertia numa figura nova em que suas excelências expenderiam umas quantas patacoadas espremidas dos seus notáveis bestuntos e os jornalistas papagueá-las-iam, mas sem dizer quem esvurmou tais pústulas de sabedoria). E disseram, ex cathedra, que eram assim que se fazia em Inglaterra. Aldrabaram. (Vês, Pedro Tadeu, que há uma palavra ainda mais forte do que “mentiram”? Quando a falta à verdade é rasca e torpe, a palavra é “aldrabice”.) Os briefings em Inglaterra são sempre atribuídos ao PMS (Prime Minister Spokesperson), isto é, ao porta-voz oficial do primeiro-ministro, pessoa conhecida e identificada – e as respostas são sempre factuais, nada de divagações onanistas de ministros ou secretários de Estado fala-barato armados em palestrantes.

E, com esta aldrabice, intrujaram: no segundo dia de briefing, levaram uma conceituada jornalista da rádio a reproduzir todos os vómitos e regurgitações opinativas do ministro ou do secretário de Estado, atribuindo-os sempre a “fonte do Governo”. Intrujaram a jornalista, que, eventualmente, por temor reverencial ou mau conselho, se esqueceu do seu dever deontológico de não reproduzir comentários sem identificar a autoria. E intrujaram o público, fazendo passar uma mensagem da maneira que Don Basílio, em O Barbeiro de Sevilha, explicava o que era uma calúnia: È un venticello, un’auretta assai gentile, ché insensibile, sottile, leggermente, dolcemente, incomincia a sussurrar.

(Estou para saber porque é que fui gastar o meu escasso italiano com tão toscos governantes. Ainda lhes inspiro uma ideia mais fascizante…)

Mas não se fica por aqui a impertinência e a incivilidade destes dois cavalheiros: mais recentemente, o ministro Maduro esticou-se nas pontas dos pés, esganiçou-se e verberou jornalistas sobre as perguntas que deveriam ou não fazer!

Mas quem é ele?

E, pior do que isso, porque é que não houve nenhum jornalista presente que dissesse a Sua Impertinência que lhe cabe responder ou não às perguntas dos Senhores Jornalistas (com maiúsculas, perante tão vulgar e efémero ministro) e não dizer-lhes o que devem ou não perguntar?

Aviso solene aos jornalistas do Diário de Notícias – e estou seguro de ser levado a sério: manda o nosso Código Deontológico, no seu ponto 3, que “o jornalista deve lutar contra as restrições no acesso às fontes de informação e as tentativas de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar. É obrigação do jornalista divulgar as ofensas a estes direitos.”

Venham os Poiares Pedros ou os Lombas Maduros que vierem, jornalista do DN que se acobarde perante este fascismo com pés de lã, pode ter a certeza, à fé de quem sou, que fica com o nome num pelourinho de cobardolas que prometo expor aos leitores. Porque é dos direitos dos leitores que estamos a falar. Enquanto estiver nesta casa e nela tiver voz, o fascismo não entra de esguelha.

Estamos a viver tempos perigosos. Em Espanha, o alegado recebedor por baixo da mesa Mariano Rajoy proíbe que se fotografe, que se grave, não sei mais quê. Em Itália, é o que se sabe do império Berlusconi (ou é Burlesconi?). Na Grécia, silencia-se a televisão e mesmo com ordens do tribunal não se reabre.

O fascismo anda por aí. É bem visível no ovo da serpente.

Já não há a Europa da liberdade: somos governados por filhos de Putin.

Inúmeros filhos de Putin.

Cabazes de filhos de Putin.

Em Portugal, os devotos de Putin, discípulos de Miguel Relvas, condiscípulos de Agostinho Branquinho e quejandos chamam-se, entre outros, Miguel Poiares Maduro e Pedro Lomba, lamentáveis expoentes de um passado que parecia inconformista e rebelde, transformados num estalar de dedos em esbirros da política da mordaça, assim que os convidaram a sentar-se num mocho cambaio a metro e meio da mesa do orçamento com direito a côdea bolorenta.

É de calcular que os senhores Miguel Poiares Maduro ou Pedro Lomba digam em voz alta, por escrito ou simplesmente resmoneiem entre dentes que de mim não recebem lições de civismo, nem disto nem daquilo.

Erram.

Recebem lições de mim, como eu as recebo de toda a gente, até deles se forem capazes de produzir sabedoria que me faça proveito. Aliás, não recebo: tomo eu próprio a iniciativa de colher lições de toda a gente, muitas de simplórios que nem se dão conta de que me estão a ensinar e algumas que descubro úteis deixadas escapar por académicos de capelo e borla.

Insisto: de mim recebem lições. De jornalismo, de civismo, de muitas coisas. Podem não as assimilar. Tanto pior para eles. Mas esta é uma maldição que me acompanha: aparece-me sempre um ou outro aluno muito engelhado na compreensão.

Alguns já terão chegado a catedráticos, sabe-se lá!

Mas posso estar a ser injusto com Poiares Maduro e Lomba: talvez eles não estejam a resvalar involuntariamente para o fascismo, por uma qualquer insuficiência cultural ou impreparação cívica. Pode dar-se o caso de quererem mesmo ser o que aparentam. E não disponho de pastilhas de 25 de Abril para os salvar.



sábado, 11 de maio de 2013

Encontro dos antigos e atuais seminaristas de Serpa e Beja


Foi-me enviado este amável convite. Como provavelmente não poderei ir, aqui o deixo para conhecimento de todos os interessados que, porventura, não tenham recebido.
Que seja uma grande jornada de amizade e confraternização!


quinta-feira, 21 de março de 2013

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Informação aos desprevenidos

Na faixa do lado esquerdo estão os links, (eu chamar-lhe-ia endereços) dos meus blogs, Se me quiserem visitar lá e comentar, ficarei muito orgulhoso, porque isso é sinal de que mereci algum reparo.
E eu gosto de ser reparado, porque sou vaidoso, como me disse um antigo professor, que acrescentou logo de seguida: "não te aborreças porque só há um animal que não é vaidoso - o burro, e por isso mesmo, é burro!"

Uma depressão angustiante

Uma depressão angustiante se apoderou de mim por uma razão mesquinha que afeta o meu ego de um modo muito profundo, diria mesmo anquilosante; isto é faz-me perder a vontade de continuar a escrever para este blog.
Qual a causa desta depressão? pergunto a mim mesmo. Só encontro uma resposta: não sou capaz de perceber porque é que os meus leitores, se eles existem, não fazem um comentariozinho, mesmo a dizer mal ou a chamar-me analfabeto ou inconveniente.
Fico à espera!

Os Amigos da Ponta da Unha - 4ª feira

27 de Fevereiro de 2013


Hoje é quarta-feira e a última do mês de Fevereiro, logo, dia de encontro dos “Amigos da Ponta da Unha”. Dos que estiveram não faltou nenhum e todos bem dispostos para a cavaqueira. Não confundir com “cavaceira”, (de cavaco). Nós cavaqueamos, dissertando sobre temas nobres, diferentes daquilo que já tínhamos dito anteriormente. Nós não avisamos ninguém. E o Cavaco também não, embora ele se farte de dizer que já tinha avisado.

Mas deixemos o pobre homem acabar o seu mandato em paz e sossego, vamos contribuir para que ele termine o mandato pacificamente e nos deixe finalmente, retirando-se para a sua Quinta da Coelha, onde irá ter certamente vizinhos russos, pois eles vem aí para comprar tudo o que é bom deste nosso pobre mas belo país à beira mar plantado.

Não se falou de política, como é habitual, mas o assunto incontornável foi a posição assumida por Bento XVI, que parece ter causado admiração, pela positiva a todos, senão à maioria.

Nessa sequência não podiam deixar de ser abordados os lóbis que se adivinham, mas não são do nosso perfeito conhecimento, pelo que nos abstemos de comentar.

Mas afinal quem esteve presente? Pois, o Mata, o Xico Acabado, o Noca, o Antonino Mendonça, o Jacinto Pratas ou Latas, o Jacinto Charrama, barranquenho que não quer ser português porque não há monarquia, o José Augusto Guilhoto, (dos Anjos) e finalmente o aquariano José Miguel, que veio de Milfontes.

Este José Miguel, como aquariano que se presa, dominou grande parte da discussão filosófica das nossas preciosas existências. Os aquarianos vêem mais longe do que os outros seres humanos, parece que andam nas nuvens, mas são dotados de grande capacidade de análise dos fatos e dos acontecimentos. Falta-lhes apenas a persistência, por exemplo dos carneiros ou dos capricornianos, para serem totalmente perfeitos e consequentes nos seus projetos e negócios.

O Antonino Mendonça com sua experiência e sabedoria foi moldando as análises de situação, enquanto o Xico Acabado mostrava alguma discordância das teses Antoninianas e o José Augusto , que foi dos Anjos, e depois voltou a ser Guilhoto, seu nome de batismo, cultivava a arte de ouvir, para, depois de uma reflexão aprofundada, se pronunciar com mais rigor.

Enfim foi mais um encontro saboroso em que matámos saudades, atualizamos conversas que já tardavam, para nosso gáudio e contentamento.

Terminado o frugal repasto, (a crise é grande e chega a todos!), ainda se prolongaram os ditos e conversas, através da Praça da Figueira, Rua da Betesga e depois o Rossio, donde se procedeu à dispersão completa do grupo, onde hoje foi notada a ausência do Robalo, do Contreiras que já há dois meses não aparece, e do Silva Pinto, e Fernandes , os quais não sendo cem por cento dos nossos já nos habituaram às suas preciosas e indispensáveis companhias.

Até para Março Companheiros!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Baleal, 30 de Janeiro de 2013


Última 4ª feira de Janeiro, logo, dia de encontro dos “Amigos da Ponta da Unha”.

O Noca fez hoje 78 primaveras e lembrou-se de fazer uma surpresa aos amigos, por isso foi mais cedinho para não ser apanhado num “flaga”, como dizem os nossos “filhos” brazucas.

Para se certificar do número aproximado de convivas, contactou o Mata, que entretanto passeava pela Rua Augusta, dirigindo-se ao Terreiro do Paço por mera curiosidade turística. Ficou assim a saber que seria uma dezena ou coisa parecida e portanto um bolito de kilo e meio seria suficiente. Passando pela Nacional escolheu um bolito baratucho, de acordo com o momento de crise que se vive, e dirigiu-se para o ponto de encontro – Baleal, (cervejaria).

Ali chegado, deparou-se com o Mata já instalado e em amena cavaqueira com o Sr Romeu Branco, ilustre e veterano dirigente do Sporting, desde os anos 50 do século passado.

Entretanto foram chegando os outros, a saber o Latas ou Pratas, o Fernandes, amigo do Mata, o Xico Acabado e o outro Xico, o Robalo, o Guilhoto, o Xarrama e o Silva Pinto.

Decorreu em franca e alegre camaradagem o frugal repasto, apesar de o Mata insistir na lampreia, prato muito famoso, mas que não é da simpatia de alguns.

Tudo decorre bem quando acaba em bem e assim aconteceu com a apresentação do modesto bolito de anos do Noca, que, depois de cantados os parabéns e apagadas as velas, constituiu a sobremesa bem regada com um Brutus Murganheira.

Serviram-se finalmente os cafés e deu-se ordem de dispersar.

Enquanto alguns seguiam aos seus destinos, um grupo de cinco deambulou pela Rua do Carmo até ao Chiado e aí, depois de observar o bulício e vaivém ou sobe e desce da multidão de frequentadores daquela zona chique da cidade, subiram à zona de restauração e lazer do Chiado, em convívio e amena cavaqueira, uns matando saudades outros admirando a novidade, mas todos gozando o agradável ambiente ali criado.

E pronto, assim se passou mais um encontro de amigos ligados por laços de antiga fraternidade e amizade persistente, que teimam em não deixar morrer esses sentimentos, cada vez mais arreigados, devido à saudade dos bons e “maus” momentos por que passaram nas suas juventudes.

Até à próxima Companheiros!