Oiço esta expressão atribuída aos santeotonienses desde que culturalmente me conheço e não sei e nunca ouvi qualquer explicação sobre o assunto, mas, querendo contribuir para o seu aclaramento, permiti-me criar uma teoria sobre o assunto e que é a seguinte:
Todos conhecemos a origem da "Praia de Messejana", pois esta de São Teotónio nã dromir, pode e terá certamente uma origem semelhante, "mutatis mutandis".
A praia de Messejana teve origem numa expressão usada por Brito Camacho, político republicano, oriundo de Aljustrel e que, um dia recebendo na sua terra uma delegação de Messejana, freguesia do mesmo concelho, e em resposta às exigências de melhoramentos pedidos por aqueles delegados, lhes terá respondido, em tom jucoso: "Vocês não quererão também uma praia?".
O caso de São Teotónio é muito curioso e terá origem num dito semelhante, numa reunião de representantes das freguesias, em que os Santeotonienses reivindicavam também os seus direitos e em que o porta voz terá usado a expressão muito usada naquela região. Trata-se de um fenómeno linguístico ali muito comum - a metatese ou troca de letras nas palavras: "dormir = dromir".
Um dos casos mais interessantes que conheço é a palavra "transpor", que ali se diz "strapor" - metátese e síncope, queda do "n".
"Strapor" significa "transpor" um determinado ponto ou acidente oro-geográfico, mas com um significado mais rico. Enquanto "transpor" significa apenas "passar além de = ultrapassar", "strapor" significa "passar além de ou ultrapassar, desaparecendo"
Um dito regional diz referindo-se a alguém que é pouco trabalhador ou que não produz nada que se veja:
"fulano anda, anda e não strapõe!"
Quem faz a língua é o povo, não esqueçamos, e estes regionalismos são muito ricos e interessantes