Chocou-me, não o que está escrito, que em termos gerais, é verdadeiro, mas a animosidade que é colocada no texto.
Não há nada de positivo naquela educação, austera sem dúvida?
Para mim há muito mais positivo que negativo, começo por enumerar os pontos positivos que, tenho a certeza, não o foram só para mim:
-Sou de origem camponesa, os meus pais eram pequenos proprietários rurais com propriedades que os colocavam nos 50% em melhor situação económica na aldeia; apesar disso e dada a deficiência de estruturas educativas na província, só era possível estudar na cidade e isso ficava incomportavelmente caro, eu teria ficado na aldeia ou emigrado para França, como aconteceu com a generalidade dos restantes
- Valeu-me o seminário que me acolheu como era sem convivência social, sem saber como comportar-me até com os meus colegas do seminário e com muita dedicação, austeridade, alguma compreensão, fez de mim o homem de que vim a gostar e me preparou para os outros também poderem gostar de mim, me ajudarem a vencer na vida e na família; se hoje sou um homem de algum sucesso devo-o em 1º lugar aos meus Pais que sempre me alertaram para as dificuldades da vida e depois ao Seminário que com a educação espartana, me preparou para vencer nela.
- Aqueles horários eram violentos? Eram sim senhor
- Estavam errados? Penso que não!
Um Padre tem de ser uma pessoa com carácter, com personalidade e cultura acima da media aparte o entusiasmo e dedicação que a sua missão exige e não podemos esquecer que no seminário se formavam Padres, mesmo assim sabemos que com muita frequência não deu bons resultados. Não é ainda hoje célebre a educação espartana? E a inglesa?
- É com alguma vaidade que ainda hoje consigo algum relevo devido aos conhecimentos adquiridos no seminário e penso que também isso acontecerá com outros ex-frequentadores do seminário. Não tenho qualquer relutância, como tinha no início, em dizer que andei no Seminário e em geral as pessoas apreciam-me por isso e sabem que sou conhecedor em termos culturais.
- Como já mencionei, a educação ministrada no Seminário ajudou-me a ter conhecimentos, capacidade de trabalho, espírito de sacrifício e algum desenvolvimento da inteligência que foram cruciais para a minha vida,
-FICO PORTANTO MUITO PENSATIVO QUANDO VEJO PESSOAS QUE SÓ CRITICAM A EDUCAÇÃO RECEBIDA E QUASE DE BORLA-
Será que eles não vêem nada disto ou não receberam os mesmos ensinamentos?
- Penso que a resposta e outra, também se passou comigo.
-EI-LA:
- O QUE DESESPERAVA UM EX-SEMINARISTA ERA A DIFICULDADE E O COMPLEXO DA SUA INSERÇÃO NA SOCIEDADE.
- Pouco depois de sair do seminário eu não era capaz de olhar uma pessoa de frente: baixava os olhos.
-Quando precisava de atravessar a aldeia, era capaz de dar uma volta por fora para não encontrar pessoas, alem da educação do Seminário, vivi sempre numa quinta, isolado portanto.
-Muitas vezes dei bofetadas na minha cara, revoltando-me por não ser capaz de olhar de frente para as outras pessoas.
Há porém uma coisa que nunca aconteceu comigo: - revoltar-me contra quem me deu esta educação.
-- Penso, sem querer ser ofensivo, apenas ajudar, que a razão básica de tanta crítica está em nunca terem conseguido ENFRENTAR esta situação, aproveitando o bom e muito bom que tem e eliminar o negativo, especialmente os complexos que também tive e se calhar ainda tenho alguns.
- Para terminar considero que os SUPERIORES, P. Almeida, Con. Gonçalves e milhentos outros não eram más pessoas, apenas tiveram a mesma formação que nós e portanto com os mesmos defeitos e virtudes.
Por acaso já pensaram como agiriam se tivessem estado na mesma época, no mesmo lugar?
- Amigos, é a 1ª vez que escrevo uma mensagem destas e apesar de já reformado, faço-o com prazer enquanto estou de férias no Algarve.
ZÉ MATA
Nota do Bloger: - O Zé Mata, (José Martins Mata), o "Matita" na sua aldeia de ENGUIAS, é um homem de sucesso no campo empresarial, sendo a sua coroa de glória a Empresa "ORBIVENDAS", especializada em importação, comercialização e exportação de equipamentos de limpezas domésticas e industriais, com sede em Loures e implantada em todo o território nacional e, em breve com ramificações para os PALOPs, com Angola à cabeça, para onde já está a exportar.
Este testemunho do Zé Mata traz "à colacção", como diria um causídico, o fenómeno dos "talibãs": eles odeiam tudo o que não seja ou respeite "alá e o seu profeta" e isso é inaceitável. Eu encerraria este post com a seguinte máxima : "para não amar uma coisa, não é necessário odiá-la!" Façam o favor de ser felizes! - dizia o Solnado.